quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O maior dos Testemunhos


O testemunho mais maravilhoso que eu posso dar, deveria ser narrado não por mim, mas pela mãe que acreditou, esperou em Deus e viu acontecer a glória de Deus na vida de seu filho e de sua familia, assim como a ouvi testemunhar, tentarei narrar, procurando ser fiel, o máximo possível a tudo o que me lembro e a tudo o que dela mesma ouvi.
Recebi uma ligação de uma irmã que me colocou a falar com uma mulher que necessitava desesperadamente de oração, de paz e de algum tipo de ajuda.
Mãe de dois filhos, o mais velho estudioso e esforçado, buscava alcançar seus objetivos na vida. O mais jovem, de vinte e poucos anos, estava entregue ao vicio do crack.
Disse-me ela que ele estava vendendo eletros e objetos de sua casa para usar a droga. Seu companheiro, não era o pai biológico dos rapazes, mas os assumiu como seus quando estes ainda eram muito pequenos e nutre por eles mais amor que o pai biológico. Mas o que se poderia fazer? Apenas sofrer junto e tentar encontrar uma saída para essa situação. Ao telefone ela chorava e soluçava muito, comovi-me com o sofrimento daquela família, mas muito mais com a dor daquela mãe. Meu Deus! O que posso fazer para ajudar? Posso estar junto, posso orar junto, posso sofrer junto.
O que Jesus faria em meu lugar? Essa é a pergunta que sempre faço quando não sei o que fazer... rs. Acho que Ele faria isso, os consolaria e até choraria com eles como fez com Marta e Maria.

Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção;
Jesus pôs-se a chorar. (Cl Jô 11,33-35)

Visitei-os e pude ver uma mãe que tinha dois empregos para que nada faltasse, um pai que dava duro até bem tarde e quando chegavam em casa, ainda tinham que ver a situação sub-humana de seu filho, drogado, alucinado, agressivo e verificar que vários objetos da casa fora vendido ou trocado por crack. Oramos e partilhamos a Palavra de Deus, alimento e força para nossa alma. Sem Deus, dificilmente se passa por tudo isso e é impossível que se obtenha vitória sem sua misericórdia.

Ela era batizada na Congregação Cristã, mas até por desespero começou a freqüentar o Grupo de Oração. Se entregava sem reservas à oração, ao louvor e a adoração, mas não escondia a barreira que sentia em relação a Nossa Senhora. O que eu entendi e respeitei, claro. Ela conseguiu algumas internações para ele neste período, mas ele fugia das casas de recuperação e sumia por dias até reaparecer. Quando ela o reencontrava sujo, fedido, maltratado pelas ruas e pelas drogas, levava-o para casa, cuidava dele, chorava e sofria, mas não desanimava.
Vendeu a casa e foi morar de aluguel na cidade vizinha, só para tira-lo do lugar onde encontrou seu algoz e senhor, o crack e seus representantes, os traficantes.

Procurei conhecer trabalhos específicos na Igreja a respeito das drogas. E fui parar em Santo Amaro, na Comunidade Casa Esperança
e Vida (CCEV), com Fradão, seu fundador e os servos da Esperança.

A Fraternidade dos Servos e Servas da Esperança, com 31 anos de existência, mantém e administra a CCEV – Comunidade Casa Esperança e Vida, uma rede de unidades distribuídas por São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná, Ceará, Mato Grosso do Sul, que está voltada para a restauração da qualidade de vida e para a integração familiar e social de indivíduos em estado de carência ou dependência viciosa. A metodologia inclui acolhimento, aconselhamento e atividades terapêuticas.

Levei-a as reuniões e começamos um trabalho tipo “Narcóticos Anônimos” Na Paróquia, mas seu filho não vinha e ela começou a se doar a outros. Agora ela ainda tinha o seu problema, mas ajudava outras famílias com o mesmo problema que o dela. Esforçada, corajosa, bondosa.
Fiquei surpreso e feliz, quando ela me convidou a ser seu Padrinho de Batismo. E o fui, de fato.
Agora, católica ele foi se aproximando e sentindo o Amor, o consolo e a companhia de Nossa Senhora, cheia de reservas e de ensinamentos passados, que levantaram um muro entre ela e nossa Senhora, a própria Mãe de Jesus se revelou a ela em amor e interseção. E ela me ligou para dizer que havia tido uma experiência pessoal com Maria e que agora entendera, que Ela não se coloca como “Deusa”, mas como serva de Deus que pede por cada um de nós e que sejamos salvos. Ela crescia cada dia mais em graça e fé. As orações pelo seu filho não cessavam, como não cessavam também suas lágrimas em vê-lo assim.
Conseguiu leva-lo a um psiquiatra que atestou distúrbios agressivos da mente.
Mas ele se recusava a fazer qualquer tipo de tratamento.
Era tanto sofrimento que um dia ela me ligou, revoltada e disposta a desistir. Estava cansada de lutar e esperar e não ver nada acontecer. E confesso que eu também estava cansado, já acreditava que ele iria acabar morrendo e ela, ao menos teria paz. Claro que eu pedi perdão a Deus por tal pensamento, mas não consegui deixar de pensar isso, às vezes.
Era muito sofrimento causado por uma só pessoa.
“O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração”. (I Samuel 16,7)
Deus estava à frente, Ele tinha tudo em suas mãos e faria acontecer o milagre, aquilo que todos achávamos que não tinha mais solução, Ele faria a “Virada”.

Ela comprou uma casa na cidade onde para onde se mudara e estava morando de aluguel.
Seu filho mais velho foi trabalhar e fazer faculdade na Bélgica e o mais jovem foi internado novamente. Fugiu da clinica e desapareceu. Ela me ligou desesperada e oramos pelo telefone. Foram-se passando os meses...um, dois, três...Ela o procurava nas ruas, praças, avenidas, até que não tinha mais o que fazer a não ser esperar em Deus e orar e chorar, orar e chorar, orar e chorar. Já não mais comentávamos o assunto para não especular ou causar mais sofrimento a ela. Até que, depois de muitos meses ela me ligou feliz, radiante:

“Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa”. (Lc 15,24)

Ele reaparecera! Imagine o que ela encontrou no lugar de seu filho, imagine as lembranças de seu filho, de seu bebê, de sua criança e agora ali, parado a sua frente um homem magérrimo, destruído pelo crack, morando na rua há tanto tempo.
Ela me falou que ele não tirava o tênis dos pés a meses, seus pés estavam em carne viva sob o calçado, o seu mau cheiro, sua pele encardida.
Ela lhe deu banho, tratou suas feridas, alimentou. Preparou seu quarto e o ninou até ele adormecer e depois ficou ali a olhá-lo, a vigiar seu sono e a agradecer a Deus por trazer seu menino de volta. Ela começou, juntamente com seu esposo, a ajudar o grupo de preparação para o batismo, na paróquia próxima a sua nova casa. Sempre em oração e sempre a rezar o Santo Terço. Um pouco mais de tempo e ela me liga pra dizer que seu filho, o drogado, estava trabalhando e não mais se drogou. Mais algum tempo e ela me liga para dizer que ele estava estudando e continua firme sem a droga. Mais algum tempo e ela me liga pra dizer que ela, o esposo e o filho estavam firmes na igreja e assim permanecem até hoje e as drogas são um passado amargo na vida desta família e um testemunho poderoso que ajuda a muitos que estão nessa situação hoje.
Eu louvo a Deus, eu engrandeço o Seu Santo Nome e declaro que Jesus Cristo é O Senhor sobre céus e terra e sua Glória brilha sobre os que O buscam de coração.

Muitos que leram essas linhas sabem de quem se trata, pois acompanharam o desenrolar dessa historia.

Dedico este texto com palavras simples e ortografia pobre, mas com um testemunho fantástico para maior gloria de Deus, a vocês, Marina, Jaime e Nenê, que apesar de tanto sofrer, souberam esperar em Deus e como santa Mônica, que orou durante 30 anos por Santo Agostinho, alcançaram a Graça de Deus.

“Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e seus ouvidos, atentos a seus rogos”
(I São Pedro 3,12)

Um comentário:

MaryzéSilva disse...

Olá.

Maravilhoso este testemunho!
Sem dúvida, meu irmão.Feliz daquele que acredita e coloca a sua vida nas mãos do Senhor!
Ele jamais desamparou aquele que o busca de coração aberto!

A paz do Senhor Jesus esteja com vocês!
Abraço