quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Início / Meu Testemunho


Minha família, tradicionalmente católica, sempre frequentou as celebrações litúrgicas aos domingos. Quando criança ia à Missa com minha avó, na Paróquia São Benedito, que foi onde fui batizado. Domingo, missa das oito horas da manhã, uma criança de cinco, seis anos. Você acha que eu queria estar ali? kkkkkkk...Acertou se respondeu que não.
Isso criou em mim uma certa resistência em relação à Igreja.
O Tempo passou e comecei a estudar em um colégio no bairro Bresser(Bresse/Mooca).
No primeiro ano fui declarado pela direção do colégio "O Melhor aluno da escola" e no segundo ano "O Pior aluno da escola". Me envolvi com "amigos" que não queriam estudar,, por isso quase não entravamos na escola. Eu levava o violão e íamos para um bar próximo ao colégio, esse bar tinha um reservado ao fundo e lá, regado a muita bebida fazíamos nossas cantorias até as tantas. Rapazes, moças e às sextas, até professores se juntavam a nós para beber e cantar MPB. Muitas vezes íamos para casas de amigos do grupo e dormiamos por lá mesmo. Na maioria das vezes era difícil lembrar como chegamos lá.
Em dias quentes, combinávamos, eu levava o violão, uma mochila com algumas roupas e em vez de irmos para o bar, íamos para o terminal Jabaquara, pegávamos o Ônibus para o litoral, alugávamos um quarto em uma pousada, onde íamos só para dormir um pouco, mas eu só me lembro do primeiro dia, de ter chegado lá. Íamos para os quiosques que haviam na areia da praia e lá pedíamos uma cerveja e começávamos a tocar e cantar, os turistas iam se achegando e começavam a pedir músicas, atendíamos seus pedidos em troca de cervejas. Depois da segunda eu tocava até musicas em Inglês e Japonês...rs.
Bebiamos muito, muito mesmo. Eu tinha dezoito anos nessa época.
Nesse colégio, tinha um professor, de quem eu me tornei fã. Eu admirava suas explicações, suas teorias sobre Criacionismo e evolucionismo. Me surpreendia sua convicção. E fiquei convencido de que ele tinha razão. Deus era uma mera invenção e diabo também. Ele dizia que todas as raças, em todos os tempo em todos os lugares do mundo sempre criaram para si divindades e entidades. O bom e o ruim, o bem e o mau.
A chuva que fazia os alimentos crescerem na terra eram obra da divindade, mas a mesma chuva quando perdia os alimentos na terra, era obra da entidade oposta à divindade.
Aquilo, para mim, tinha tudo a ver, eu acreditei profundamente. Deus não existe!!!
Mas se Deus não existe, quem vai me cobrar o que eu fizer de errado??? Então é festa?
SIMMMMMM É FESTAAAAAAAAAA!!! Embalei de vez e virei o que minha mãe chama de "maloqueiro".
Próximo a minha casa havia uma familia onde moravam o pai, a mãe, dois filhos e dois irmãos da mãe, que vieram do Rio de Janeiro para trabalhar em São Paulo. Wilian que chamávamos "Wil" e Marcelo, que encontro de vez em quando até hoje.
Eles frequentavam minha casa nos fins de semana.
E no final do ano de 1987 me convidaram a passar o reveillon em casa de sua mãe no Rio. Maloqueiro como eu era, não pensei duas vezes. Partimos no dia 27 de dezembro pela manhã e chegamos lá já a tardezinha. Me apresentaram sua mãe, suas duas irmãs e mais dois irmão que lá moravam. Deixamos as mochilas em um dos quartos da casa e fomos direto ao "butiquim", lá eles pediram cervejas, cada um tomou a sua direto no gargalo. Lá fui apelidado por seus amigos de "São P", acho que eles davam esse apelido a todos os que eram de São Paulo.
Os dias eram um melhor que o outro. Acordávamos e iamos direto para as praias. Conheci quase todas. Me convidaram a conhecer o Cristo Redentor, mas não senti vontade e não fui. Adorei o feijão preto que comíamos todos os dias. A tarde descansávamos porque toda noite tinha festa na casa de alguém.
Tudo ia muito bem até que em uma noite, acho que era dia 29, depois de chegarmos de mais uma festa fomos dormir. Só para nos localizarmos dentro da casa, quero explicar que a entrada principal era a da sala, passando a sala entravamos à esquerda em um corredor que dava acesso ao restante da casa. Da sala para o cerredor, em frente era o lavabo, a esquerda o quarto da mãe dos rapazes, à direita e a direita novamente era o quarto onde dormiamos eu embaixo na beliche, o Wil em cima e o Marcelo na cama de solteiro na outra parede. Seguindo em frente à direita havia o quarto dos outros dois irmãos e no final do corredor a cozinha.Já situados vamos adiante.
Naquela noite após me deitar, as luzes se apagaram. A mãe dos rapazes estava na sala a assistir TV. Eu tentava dormir quando ouvi o Wil, na cama de cima gemendo. Um gemido sofrido e fiquei atento para saber se ele estava passando mal ou sonhando. Nesse instante ele saltou da cama e correu para a sala. ouvi quando ele disse, assustado, a sua mãe que havia algo andando sobre ele no quarto. O Marcelo, mais que depressa foi para na sala também. Eu como não acreditava em nada espiritual fui tranqüilo. A mãe, que assistia e não queria ser incomodada, nos mandou deitar na cama dela. Os dois concordaram e eu fui com eles. Os três deitados em uma cama de 1.40 mt.
Eu de um lado, o Wil do outro e o Marcelo atravessado nos pés da cama.
Derrepente o Wil se senta na cama e começa a rir, ou melhor, a gargalhar sem parar. Uma gargalhada sinstra como de filme de terror. Sem saber do que se tratava eu sentei-me na cama e olhando para ele gargalhava do mesmo modo e ainda mais alto. O Marcelo me segurou os ombros, me chacoalhou e com cara de quem ia morrer ou chorar me disse: "Naldo, Naldo, não é o meu irmão, não é o meu irmão!" Olhei para ele e olhei para o Wil e perguntei sem nada entender:"Como assim não é o seu irmão?" Ele virou-se para o Wil e perguntou: "O que você quer?" Com uma voz rouca, diferente da sua ele respondeu: "Eu vim aqui só pra perturbar."
Sem esperar mais nada, Marcelo se levanta e vai chamar sua mãe na sala. Eu estava achando a brincadeira exagerada e inadequada para quem queria levantar cedo para ir à praia. A mãe veio e quando ela colocou o pé dentro do quarto caiu no chão que nem abacate maduro caindo do pé. Naquele momento eu me desesperei e acoado no canto da parede eu perguntava o que estava acontecendo ali. O Marcelo pedia minha ajuda para levar a mãe para o sofá da sala, mas fiquei confuso e tentava entender o que se passava. Wil voltou ao normal algum tempo depois, sua mãe estava melhor e eu só pensava que aquilo tudo era loucura. Nem sei como conseguimos dormir. No outro dia acordei já pelas onze da manhã e não havia mais ninguém no quarto. A casa parecia vazia, na sala apenas um dos dois irmãos que lá moravam, mais ninguém na casa. Eles dois estavam fora no momento do ocorrido, mas ele me disse que sua mãe havia lhe contado o que aconteceu, apenas acenei com a cabeça, afirmando que entendi. Vi no canto da sala uma Biblia aberta. Tipo aquelas Biblias grandes que as pessoas abrem na parte ilustrada para enfeitar a sala. Mas essa estava aberta no Salmo 90 e eu a peguei e sentei-me no sofá maior. O irmão do Wil e do Marcelo estava sentado em uma poltrona. Ele tinha mais ou menos um metro e noventa de altura, Negro e bem robusto, acho que suas costas tinham quase um metro de diamentro. No momento em que eu comecei a ler o Salmo em vóz alta, nem sei porque fiz isso, mas o fiz, ele, na poltrona começou a ranger como uma fera e a levantar-se lentamente, Com os braços arcados na direção de seu corpo e os dedos envergados, rijos, como se estivesse segurando uma laranja invisível. Foi-se levantando de uma forma que me parecia câmera lente, eu sentado no sofá senti um peso enorme sobre o meu peito, o fôlego me faltava e eu pensei comigo que naquele momento eu poderia parar de ler e continuei. Me parecia que ele levou uma eternidade para se levantar. Quando ficou de pé e ainda assim meio encurvado eu pensei: "Agora eu estou frito! Ele vai me matar."
Nesse momento a porta da sala foi aberta como que com um pontapé. Vi umas quinze pessoas entrar naquela sala, que não era muito grande. Todas vestidas de branco. O Homem que entrou primeiro já segurou o irmão do Wil pelos pulsos com uma das mãos, com a outra fez-lhe um sinal na testa com um tipo de giz. Nesse momento o gigante tombou, acho que ele levou mais uns dez minutos para cair, devido ao seu tamanho. No chão, seus olhos viraram e via-se apenas a parte branca do olho. Aquelas pessoas começaram a girar e rodar e falar e cantar e incorporar. Pra mim que realmente não acreditava em nada daquilo, estava um circo de horrores. Fiquei impressionado mesmo, foi quando ví pessoas tirando os brincos, colar e pulseira de uma mulher no corredor da cozinha, soltaram-lhe os cabelos e colocaram em suas mãos dois copos grandes e cristalinos com água. Ela começou a emitir por entre os lábios um som como de flauta e entoar uma melodia linda e serena. Ela entrou na sala com os copos postos na palma de suas mãos abertas, detalhe: Os copos não caiam e a água não derramava com os movimentos circulares que ela fazia com as mãos ao caminhar. Naquele momento senti que havia algo mais que um transe coletivo. Era algo sobrenatural realmente.
Senti um pavor enorme e pensei que se tudo aquilo existia, Deus também deveria existir. Ignorante do saber, comecei a minha primeira oração a Deus e nela pedi a Deus que enviasse alguém para dar jeito naquela situação, e eu lhe dizia que podia ser o preto velho, um índio, qualquer um que desse jeito na bagunça. Aterrorizado sai da casa e fui direto a Rodoviária. Pedi uma passagem para São Paulo e fui informado que só haveria ônibus a partir do dia três de Janeiro, estavam esgotadas. Fiquei desesperado e perguntei se não haveria uma carona, um caminhão para descarregar em São Paulo, qualquer coisa pelo amor de Deus! Mas não havia...
Voltei para o bairro e pedi guarida em casa de um vizinho que fazia muitas festas e ficou bastante chegado a mim. Expliquei-lhe o ocorrido e ele prontamente me cedeu lugar em sua casa. Sinto-me, ainda hoje, ingrato por não ter entrado na casa de meus anfitriões até minha partida. Voltei a São Paulo no dia três mesmo. Meus amigos vieram dias depois. Quando entrei no ônibus senti uma alegria enorme em estar voltando pra casa e disse quase num sussurro: "Obrigado Jesus". Ao que ouvi em seguida:"¿qué estás hablando?" Olhei para trás e para a frente, procurando ver quem falou aquilo. Não havia ninguém. Pensei estar cansado e imaginando coisas, virei-me para o lado e dormi.
Cheguei em casa, morrendo de saudades de todos. Abracei, falei, ri, jantei e reencontrei minha cama, que saudades...
Me deitei para dormir...estava quase dormindo quando senti meu corpo todo travar. Perdi o controle sobre ele e não consegui me mexer, falar ou reagir.
Não compreendi o que estava acontecendo, mas nas noites seguintes aquilo continuou a acontecer e eu associei o fato ao ocorrido no Rio e no ônibus. No dia cinco de Janeiro de 1988 eu voltava a trabalhar. Na época eu trabalhava no Aeroporto internacional de Guarulhos que havia uns dois ou três anos que tinha sido inaugurado.
Todas as noites o episódio se repetia. Aconteceu uma noite em que não estava em casa de um tio meu ir dormir em minha casa e em minha cama. Ele não conseguiu dormir. Foi travado pela mesma força. Uma outra ocasião aconteceu de uma amiga de minha irmã tentar dormir em minha cama numa noite em que eu não estava e acontecer o mesmo a ela. Contei a minha mãe tudo o que acontecera e ela me recomendou freqüentar as missas dominicais. Fui e não resolveu. Eu já não consegui dormir, devido ao medo. Parecia o filme "A hora do Pesadelo", eu comecei a ficar acordado na sala vendo TV até os canais fecharem. Não demorou muito para eu perder o emprego por falta de condições para o trabalho diurno.Eu esperava o vidro da sala mudar do preto da noite para o azul da aurora, só então eu ia me deitar. Meus familiares estavam preocupados comigo. Fui levado a igrejas protestantes pela irmão do Wil e do Marcelo, que era evangélica, mas nada resolvia. Eu tinha uma namorada que logo achou que eu estava ficando louco e tratou de seguir adiante, sem mim.
Amigos que freqüentavam minha casa, não apareciam mais. Abandonei o colégio.
Sem fazer nada e sem condições de fazer comecei a tocar na night, tocava às sextas, sábados e domingos. Na época eu ganhava algo como oitenta reais hoje. Eu acreditava que para me soltar eu devia beber antes e de cara tomava um conhaque e uma cerveja. No fim da noite, na hora do acerto eu sempre ficava devendo porque eu bebia todo o cachê. Eu já não consegui ficar em casa a noite, esperando amanhecer, então comecei a vizitar o centro de São Paulo. Sem emprego, sem amigos, sem dinheiro, sem futuro.
Tocava em botecos como os do parque Dom Pedro II, ali no balcão mesmo, Para receber bebidas em troca. Comecei a beber em demasia, conheci outras formas de drogas também. Usei, mas não me dei bem com elas (graças a Deus). Sexo desregrado e promíscuo.
Eu cheguei ao fundo do poço. Ficava dias sem aparecer em casa, sem tomar banho, sem comer. As pessoas se afastavam de mim por causa do mal cheiro.
E quando eu pensei que não havia mais como afundar, alguém, não me lembro quem, me recomendou que fosse a um terreiro, muito bom, segundo a recomendação. Disse-me essa pessoa que, eles poderiam resolver o meu problema.No sábado seguinte eu sai de fininho e fui ao tal terreiro. Cheguei lá e os trabalhos estavam começando, eram quase 19:00 h. Quando começou o som dos atabaques e a gira eu comecei a tremer sem parar. O chefe do terreiro que se intitulava "Baiano" apontou para mim e mandou que me levassem a ele, me deu a beber na sua cuia, baforou fumaça de charuto em mim, fez um sinal em minha testa e me pôs na gira. Eu não me lembro o que aconteceu em seguida. Depois de tudo ele, que na verdade era o corpo de uma mulher me disse que eu era medium e necessitava desenvolver a mediunidade. Por isso deveria comparecer todos os sábados no mesmo horário. A partir daquele dia comecei a dormir bem, não acontecia mais nada e meu sono era bom. Porém eu descobri que se rezassem perto de mim me dava tremedeiras. Foi um curto período de tranqüilidade. Continuei tocando nas noites, bebendo e seguindo a vida. Mas desempregado eu precisava trabalhar e ia durante o dia, na semana pedir a "mãe de santo" desse terreiro, a mesma que incorporava o tal "baiano", que jogasse cartas para saber se havia sinal de emprego para mim. Através de uma entidade denominada "Pomba gira cigana" ela jogava as cartas e interpretava-as. Ela era muito boa nisso! Ela nunca errou uma desgraça sobre mim. O dia que ela disse que eu seria assaltado eu fui e mais ainda fui espancado e não levei um tiro na cabeça porque Deus tinha planos ainda. Depois de ver que só me aconteciam as coisas ruim das cartas eu já estava desanimado, então ela me disse para começar a ir às sextas também, para trabalhar com os "exus" na linha esquerda da umbanda, meu coração falou pela primeira vez: "A água limpa não se mistura com a água suja". Entendi que, se os guias eram bons e faziam o bem, eu não poderia receber em mim entidades maléficas e interesseiras.Falei a ela que queria desistir de ser medium e disse que não viria mais, que iria parar. Ela me disse que "eles iriam me matar, que eu não podia fazer isso. Virei as costas e fui embora.
Naquela noite tive outra crise e foi uma das piores, noite após noite o sofrimento e as surras foram aumentando. Quando acabava eu não conseguia nem falar direito.
Me embrenhei no mundo novamente e cheguei bem perto da mendicância.
Minha mãe já não dormia me esperando na varanda. E ninguém mais me dava crédito.
Cheguei a conclusão que estava fazendo muito mau a todos e eles ficariam melhores sem mim. Dirigi-me então para os trilhos do trem e sentei-me a sua espera...Ali sentado, lembrei-me de tudo o que vivi, minha infância, primeiro emprego, amigos, família, alegrias e tristezas, meus pais...e espera...e o trem não vem...Quem usa os meios de transportes públicos sabem como eles atrasam...Depois de muito esperar e não vir o trem, senti-me ainda mais inútil, pois nem me matar eu conseguia. Fiquei muito zangado, olhei para o céu, era um dia cinza, nem calor, nem frio. Olhando para as nuvens eu gritei para Deus.
_ Onde está Você? Porque não faz alguma coisa? Se Você realmente existe, faça alguma coisa...me ajude (lágrimas), por favor.
Chorando eu silenciei e esperei algo acontecer, sei lá, acho que esperava ouvir uma vós potente a me falar, a me consolar...Mas ouvi apenas o silencio que incomodava.
Voltei para casa e como eu não dormia a noite, me joguei no sofá da sala e ali adormeci. Foi quando tive o sonho mais incrível da minha vida.
Sonhei que entrei em uma igreja e do hall de entrada eu via uma coluna e na coluna um desenho de Maria Santíssima a segurar o Menino Jesus e alguém me dizia "Olha ai o seu trabalho" ao que eu respondi "Não, meu trabalho é mais que isso" e meu interlocutor perguntou "Então qual é o seu trabalho?" e apontando para o altar vi Jesus de pé, imenso, ele estava dentro da Igreja, mas ultrapassava sua altura. Ferido e ensangüentado eu o apontei e disse "Esse é o meu trabalho".
Acordei mais louco que todos os outros dias. Eu sabia coisas no meu coração que se eu dissesse iam me internar. Pedi dinheiro a minha mãe e ela com medo do que eu queria fazer me perguntou para que, contei-lhe o sonho e ela me disse para eu ir para a Igreja, que Deus Queria que eu fosse a missa, prontamente me opus, não! tenho que encontrar "Aquela" Igreja. Sai como um lunático, conheci quase todas as Igrejas de São Paulo. Era dia 23 de Junho de 1992, terça feira e já passava das dezenove horas quando cheguei na estação Santa Cecília do metrô. Perguntei a alguém se sabia onde ficava a Igreja, mas eu já estava na porta e não vi. Entrei e parei no hall, quase cai de costas. A Igreja, a coluna, o altar, estava tudo lá igualzinho ao sonho. Era a Igreja do meu sonho. Não tinha o desenho na coluna, mas a coluna estava lá no lugar dela, no lugar onde estava Jesus, havia uma caixa dourada com uma luz vermelha acesa.
Fascinado eu fui entrando direto, fui a primeira fileira de bancos à esquerda do altar. A Igreja estava cheia de gente, lembro-me que estranhei e pensei que havia protestantes misturados com católicos na Igreja, porque eles cantavam e faziam gestos e eu nunca tinha visto aquilo na Igreja católica. Quando a música parou, entrou um padre, que na minha opinião era muito louco. Seu nome era Pe. Alberto Gambarini.
Tudo o que ele falava era para mim, mas depois da pregação ele começou a orar e clamar o Espírito Santo naquele lugar. Eu senti algo indescritível e elevei os meus braços...Quando começaram a cantar e orar e aquilo tudo virou uma força uníssona, senti um fogo dentro de mim, algo sobrenatural, senti-me amado de Deus e o meu coração falou-me pela segunda vez dizendo "Aqui é o seu lugar"
Descobri naquele instante que tinha um Pai no Ceu, um Pai que me amava como eu era e não me humilhava, mas ao contrário humilhou o seu Filho Único por amor a mim e meus irmãos. Chorei como uma criancinha. Descobri finalmente que meu pai não era oxossi, não! Meu pai se chama O Grande "Eu Sou" o Único e Verdadeiro Deus e Pai.

Sai de lá pisando nas nuvens...Fui embora e partilhei com quantos pude o que me aconteceu. Alguém me recomendou que procurasse um padre para uma confissão.
Fui a Catedral da sé e atendeu-me um Padre mui paciente e atencioso que ouviu-me por mais de uma hora...Se fosse pecado por metro seria quilômetros.
Depois que falei tudo ele colocou a mão sobre minha cabeça e disse-me que iria interceder a Deus por sua misericórdia em minha vida. Quando começou a orar senti muita náusea, mas essa sensação foi sendo substituída por uma sensação de paz que tomou conta de mim.
Sai de lá feliz com Deus, comigo e com todos.
Eu estava curado e liberto em Nome do Senhor Jesus.
Coloquei-me a disposição do Senhor e pensei como poderia servi-lo e onde?
Na terça fui a Santa Cecília, na Quarta fui a Confissão e na quinta eu estava na porta de um bar com um copo de cerveja na mão quando uma senhora que ia passando com seu marido, parou e voltou até onde eu estava. Ela me perguntou se eu não era músico, respondi que sim. Seu marido gritava da esquina: "Vambora mulher, Deixa o homem beber"!
Ela me convidou a tocar no Grupo de Oração em sua paróquia que ficava no bairro vizinho ao meu. Concordei e na semana seguinte comecei. Eles cantavam e eu os perseguia com o violão.
A Partir daí Deus começou a se revelar ainda mais e me falava em sonhos, em oração, através da Liturgia...Uma das coisas que Ele me falou e foi muito sério para mim, foi numa noite logo no inicio do grupo de oração, ninguém havia me falado para eu não beber ou para parar de tocar nos bares. Mas Deus mesmo Quiz me falar e deixou eu chegar na Igreja naquela quinta feira, ajoelhar-me diante do Sacrário e então meu coração falou comigo novamente e disse: "HOJE TU VAIS ESCOLHER, OU EU OU O MUNDO".
Eu não somente entendi, como fiz a minha escolha. Sabe qual foi?

Paz a Todos

Um comentário:

Bruna disse...

eu adoro esse testemunho *--*